Suspeitas de intoxicação por metanol em PE: quem são as vítimas e como os casos são investigados

Pernambuco investiga casos suspeitos de intoxicação por metanol no estado TV Globo/Reprodução Depois de São Paulo, Pernambuco foi o segundo estado do país...

Suspeitas de intoxicação por metanol em PE: quem são as vítimas e como os casos são investigados
Suspeitas de intoxicação por metanol em PE: quem são as vítimas e como os casos são investigados (Foto: Reprodução)

Pernambuco investiga casos suspeitos de intoxicação por metanol no estado TV Globo/Reprodução Depois de São Paulo, Pernambuco foi o segundo estado do país a notificar casos suspeitos de intoxicação por metanol. A substância, semelhante ao álcool, causa danos severos ao corpo após ser metabolizada, como perda de visão, falência múltipla dos órgãos, podendo chegar à morte. A principal suspeita é que a substância foi misturada em bebidas alcoólicas adulteradas, especialmente em destilados como uísque, vodca, conhaque e cachaça. ✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE Ao todo, 22 casos são investigados no estado, sendo dez no Agreste, nove no Grande Recife, dois no Sertão e um na Zona da Mata Norte. As ocorrências levaram à abertura de inquéritos policiais e ao reforço da fiscalização em depósitos e lojas de bebidas alcoólicas. Confira o que se sabe sobre os casos suspeitos de intoxicação por metanol em Pernambuco: Quais são os casos notificados oficialmente? Quem são as vítimas já identificadas? Algum caso já foi descartado? Como os casos podem ter acontecido? O que diz a Vigilância Sanitária? Como é feita a investigação pericial? O que as autoridades estão fazendo? Alguma interdição ou apreensão foi realizada? Quais são os riscos do metanol? Existe antídoto para a intoxicação? O que falta saber? Quais são os casos notificados oficialmente? Com relação aos 12 primeiros casos suspeitos em Pernambuco, que foram informados até o sábado (4) pelo governo do estado, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) divulgou informações detalhadas das vítimas, como listado a seguir: um morador do Recife, de 58 anos, que está internado em uma unidade de saúde de nome não divulgado; duas mortes em Lajedo, ambos homens; um homem que perdeu a visão, também em Lajedo; uma morte de um homem em João Alfredo; uma mulher de Olinda, de 35 anos, internada após beber vodca, com sintomas como náusea, vômito, dor de cabeça e visão turva; uma mulher de São Paulo, internada em Ipojuca após beber gin, com dormência nas mãos, pés e formigamento na boca; uma mulher do Cedro, internada após beber cachaça e apresentar taquicardia, visão turva e dor de cabeça; um homem de 33 anos, que mora em Lagoa do Ouro, no Agreste, e está internado na unidade hospitalar de Caruaru; um homem de 46 anos de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, que está internado; um homem de 20 anos de Carpina, na Zona da Mata Norte do estado, que está internado; um homem de 36 anos que é morador de Maceió, mas foi atendido em Garanhuns, no Agreste pernambucano, e já teve alta hospitalar. No domingo (5), quando aumentou para 22 o número de casos suspeitos de intoxicação por metanol em Pernambuco e a quarta morte em investigação foi registrada no estado, a SES não informou a cidade em que o quarto paciente morreu e a idade dele. Diferentemente dos boletins anteriores, a Secretaria Estadual de Saúde também não divulgou o detalhamento de cada caso por idade, gênero, sintomas e se as pessoas permanecem internadas ou tiveram alta. O que se sabe é que os novos casos estão localizados em seis cidades de Pernambuco: Recife: 4 novos casos; Olinda, na Região Metropolitana: 2 novos casos; Paudalho, na Zona da Mata Norte: 1 novo caso; João Alfredo, no Agreste: 1 novo caso; Mirandiba, no Sertão: 1 novo caso; Jupi, no Agreste: 1 novo caso. As novas notificações são de pessoas com idade entre 25 e 77 anos. Três são mulheres; e sete, homens, mas não foi informada qual a cidade de cada um. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Quem são as vítimas? Não foram divulgados os nomes dos pacientes atendidos nas cidades do Recife e de Olinda, Caruaru, Cedro, Carpina, Garanhuns, Ipojuca, Jupi, Lagoa do Ouro, Mirandiba e Paudalho. Entre as possíveis vítimas por metanol, estão: Celso da Silva, 43 anos, de Lajedo. Deu entrada no Hospital Mestre Vitalino (HMV) em 2 de setembro e morreu no dia 9 do mesmo mês; Marcelo dos Santos Calado, 32 anos, também de Lajedo. Foi internado em 4 de setembro, recebeu alta em 23 de setembro, mas perdeu a visão; Ronaldo de Lima Melo, 30 anos, de João Alfredo. Foi internado em 26 de setembro no HMV e morreu em 30 de setembro; Jonas da Silva Filho, de Lajedo, que morreu em 29 de agosto antes de ser levado ao HMV. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Algum caso já foi descartado? Sim. Na sexta-feira (3), a SES chegou a informar a notificação de um caso suspeito em Gravatá, no Agreste. Segundo a secretaria, um homem buscou atendimento, em Caruaru, com relato de dificuldade para enxergar após a ingestão de bebida alcoólica destilada. No mesmo dia, o caso foi anunciado como descartado. No domingo (5), a Secretaria Estadual de Saúde informou que descartou o segundo caso suspeito em Pernambuco, desta vez em Carpina, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Como os casos podem ter acontecido? De acordo com o delegado de Lajedo, Cledinaldo Orico, há indícios de que três vítimas da cidade tenham consumido uísque comprado em um caminhão que passou por Belo Jardim, no Agreste do estado, para revenda. “Não era um bar. Um deles adquiriu esses produtos com finalidade de revenda, mas, ao que indica, não tinha desconfiança da corrupção tóxica dessa bebida e também fez a ingestão. Três pessoas fizeram essa ingestão, duas delas faleceram e uma, graças a Deus, está viva, mas com a visão comprometida”, afirmou o delegado. Segundo a Secretaria de Saúde, os demais pacientes relataram sintomas de intoxicação após ingestão de vodca, gin, cachaça e conhaque, em situações não detalhadas. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. O que diz a Vigilância Sanitária? Segundo a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), a contaminação é mais comum nos destilados, mas qualquer bebida pode ser fraudada. Em São Paulo, a principal linha de investigação é de que os casos de intoxicação por metanol têm como origem garrafas de bebidas destiladas higienizadas com a substância. A Apevisa orientou consumidores a comprar bebidas apenas em locais licenciados, checar rótulos, lacres e registros do Ministério da Agricultura e desconfiar de preços muito abaixo do mercado. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Como é feita a investigação pericial? Polícia realiza perícia em produtos e amostras biológicas suspeitas de contaminação Segundo a Polícia Científica, as amostras são analisadas em um equipamento chamado cromatógrafo gasoso, que identifica a presença de metanol em bebidas ou outros fluidos (veja vídeo acima). Em entrevista à TV Globo, o perito Rafael de Arruda explicou que a presença de metanol indica contaminação proposital, já que a substância não é utilizada para consumo humano em nenhuma circunstância. De acordo com o médico legista Mauro Catunda, não existe característica específica nos corpos das vítimas que indiquem a morte por intoxicação com metanol. “Para confirmar, é preciso encontrar essa substância nas amostras de sangue”, disse. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. O que as autoridades estão fazendo? A Apevisa e a SES ampliaram a fiscalização em pontos de venda e distribuidores de bebidas, com coleta de amostras suspeitas, interdição preventiva de lotes e parcerias com Procon, Ministério Público e Ministério da Agricultura. A polícia também requisitou exames periciais em bebidas e corpos, além de prontuários médicos das vítimas, e comunicou autoridades de outros estados, como São Paulo, para verificar se há ligações entre os casos. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Alguma interdição ou apreensão foi realizada? Sim. Em Quipapá, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, a Polícia Militar e a Vigilância Sanitária interditaram um local que produzia e vendia bebida de origem duvidosa. Nessa ocorrência, 26 galões de um líquido suspeito semelhante a álcool, seis sacos de vasilhames vazios e 30 grades de bebidas alcoólicas foram apreendidos. Em Olinda, em um bar na orla onde uma mulher de 45 anos bebeu e, horas depois, apresentou sintomas como vista turva, a prefeitura recolheu todas as vodcas para análise. Segundo o município, a Vigilância Sanitária de Pernambuco vai indicar o laboratório para realização dos testes nas garrafas. Uma fiscalização do Procon-PE em 30 estabelecimentos no sábado (4) resultou na notificação de 23 deles, no descarte de 24 produtos com prazo de validade vencido e na apreensão de 30 garrafas de bebidas destiladas com suspeita de irregularidades. Uma garrafa de cada tipo de bebida com irregularidade foi encaminhada à Vigilância Sanitária de Pernambuco. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Quais são os riscos do metanol? O metanol é um produto de uso exclusivo industrial e não deve estar presente em bebidas alcoólicas. Altamente tóxico, pode provocar cegueira, falência de órgãos e morte mesmo em pequenas quantidades. Por não alterar cor, cheiro ou sabor das bebidas, é impossível identificá-lo sem análise laboratorial. Ao ser metabolizado, o metanol se transforma em ácido fórmico, substância altamente tóxica, que causa danos especialmente às vias oculares, podendo provocar cegueira. Em pequenas quantidades, já é capaz de levar à falência múltipla dos órgãos. O acúmulo do ácido fórmico provoca a acidose metabólica severa e a lesão direta de órgãos, como rins e o nervo óptico, podendo levar à cegueira e à morte. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Existe antídoto para a intoxicação? Sim. No sábado (4), o Ministério da Saúde enviou para Pernambuco de 240 ampolas de etanol farmacêutico, que pode ser usado como antídoto no tratamento de intoxicações por metanol. É o maior lote dos cinco distribuído para os estados. O etanol farmacêutico funciona "bloqueando" o acesso do metanol à enzima ADH. É essa enzina que metaboliza o metanol dentro do corpo, transformando ele em compostos que são mais nocivos para os seres humanos. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. O que falta saber? Ainda não há confirmação laboratorial oficial de que as mortes e sintomas registrados em Pernambuco tenham sido causados por metanol. A Polícia Científica segue com os exames em andamento. A origem das bebidas suspeitas, apontadas como uísques adquiridos em um caminhão em Belo Jardim, também está sob apuração. ⬆️ Voltar ao início desta reportagem. Metanol em bebidas: só teste de laboratório pode detectar VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias

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